sábado, 18 de fevereiro de 2012

ALPIARÇA, CASA MUSEU JOSÉ RELVAS!!!

CASA MUSEU JOSÉ RELVAS

CASA MUSEU DOADO À CÂMARA MUNICIPAL DE ALPIARÇA 


UM BANHO DE ARTE, DE BAIXO....A CIMA!!! OU DO TETO AO CHÃO!!! SEM TEMPO SUFICIENTE PARA ABSORVER!!!



LINDÍSSIMA PORTA EM PEDRA TRABALHADA




AS FOTOS POSSÍVEIS DA MINHA CANON





Relvas (José).
n.   5 de Março de 1858. 
f.    [31 de Outubro de 1929].

 
Ministro das finanças no governo provisório da República, ministro português em Madrid, rico proprietário e agricultor, etc. 
N. na Golegã a 5 de Março de 1858, sendo filho de Carlos Relvas, e de sua mulher, D. Margarida Amália de Azevedo Relvas (V. o artigo antecedente).
Matriculou-se na Universidade de Coimbra na faculdade de Direito, que só frequentou até ao segundo ano, abandonando-o então para seguir o Curso Superior de Letras, o qual concluiu em 1880, escrevendo nesse ano a sua tese, intitulada O Direito feudal, que apresentou na prova final do curso. Além deste trabalho, escreveu: Conferência sobre questões economicas, feita no Centro Comercial do Porto em 1910, publicada e impressa na tipografia Bayard. Em diversos jornais tem publicado muitos artigos, especialmente sobre questões de arte, e económicas. Dedicando-se muito às ideias democráticas, foi um dos que mais serviços prestou para a implantação da República em Portugal, fazendo intensa propaganda dos seus ideais, tanto no país, como no estrangeiro, onde acompanhou o Sr. Magalhães Lima.
Tendo estudado a fundo as questões económicas e financeiras, foi chamado a gerir a pasta das finanças no governo provisório, poucos dias depois dele se ter organizado em seguida à proclamação da República, no dia 5 de Outubro de 1910. O Sr. José Relvas já fizera parte do directório do partido republicano Como ministro, dedicou-se com todo o critério e elevada competência na gerência da sua pasta, tomando em consideração muitas reclamações, que ele procurou atender, providenciando sobre as que considerava serem justas, procurando tomar medidas e reformas que pudessem, quanto possível, satisfazer os reclamantes afirmando assim mais uma vez, e praticamente, o seu espírito democrático e consciencioso. Quando se tratou da nomeação do presidente da Republica, foi o seu nome indigitado por mais duma vez como candidato a esse elevado cargo. Nas primeiras cortes constituintes que se organizaram depois da eleição do presidente, o Sr. Manuel de Arriaga, foi o Sr. José Relvas eleito deputado pelo círculo de Viseu. Por decreto de 14 de Outubro de 1911 foi nomeado ministro português em Madrid, indo substituir o Sr. Dr. Augusto de Vasconcelos, que deixara de exercer aquelas funções, por ter sido nomeado ministro dos estrangeiros no ministério presidido pelo Sr. João Chagas, o primeiro organizado depois da demissão do governo provisório. No dia 18 desse mês seguiu para Madrid a tomar posse do seu novo cargo. 
O Sr. José Relvas herdou de seu pai qualidades artísticas de alto valor, embora sob manifestações diversas. Do livro As Constituintes de 1911 e os seus deputados, recentemente publicado, transcrevemos, de páginas 109 a 111, a descrição da casa e da vida íntima do ilustre diplomata, feita pelo apreciado escritor Sr. João Chagas: 
« Ao meio da estrada de Alpiarça que se desliga da linda estrada de Almeirim para atravessar entre searas e vinhas os 14 quilómetros que separam aquela vila da capital do Ribatejo, vê-se com surpresa surgir num distante socalco uma vasta e complexa construção que diríamos ser o quê? Uma chartreuse? Talvez. Entre as ramarias desinquietas dos choupais e à medida que nos vamos acercando da vila a construção vai cada vez mais tomando o vulto e o aspecto monástico com as suas frontarias reluzentes de cal, a confusão dos seus telhados, as suas chaminés espalhadas por toda a parte, as gelosias verdes das suas janelas românicas e as galerias do seu claustro exterior aberto sobre os campos; e quem não souber onde está, irresistivelmente será levado a perguntar se ali reside uma comunidade e o que fará – se filosofia, se licores? Para atingir esta casa de um tão enigmático aspecto é preciso atravessar a vila de Alpiarça e seguir ao longo da grande rua que a corta ao meio e cujo prolongamento é a estrada que conduz a Almeirim. Ao sair de Alpiarça começa um velho muro por traz do qual marulham as altas folhagens de um arvoredo palreiro. Eis aqui o portão, um portão de quinta, ou de granja, envelhecido, enferrujado, emperrado, a um caminho largo e arejado com um sulco macio de rodas de carruagem, que convida tanto mais atraentemente a entrar, quanto do portão não se vê a casa, e avançando alguns passos entre adegas e lagares, eis que a casa nos aparece, de uma brancura radiante e de um pitoresco tão original e tão vivo que estacamos a contemplá-la como a uma obra de arte. Oleitor não conhece pessoalmente o dono da casa? Eu vou apresentá-lo: Em primeiro lugar já o leitor por certo verificou que está no domínio de um lavrador, e o dono da casa com efeito, o é. Somente é também um homem de grande cultura, de grande gosto, o que explica que, ao lado das suas adegas e lagares, no meio das suas vinhas, dos seus olivedos, e dos seus sobreiros, ele construísse para viver, esta casa que surpreende, que intriga, que encanta e que na vida de um homem como ele, é verdadeiramente uma obra. Depois verifiquei que esta casa é muito singular, pois tem um grande porte e nenhuma ostentação. Não se lhe pode dar o nome de chateau ou de manoir, ou mesmo de casa de campo. Dir‑se‑ia uma velha residência de família, transmitida por herança de pais a filhos. No entanto não tem 6 anos de construída; e não lhe dá este primeiro aspecto a conhecer não já o gosto mas o fundo nobre do carácter do homem que a construiu, e que assim pretendeu adoptar a sua noção da família ao domicílio que melhor lhe convém e que ainda é aquele que noutros tempos a abrigou e perpetuou? A casa dos Patudos, pois esse é o seu nome, nasceu ontem e tem séculos. De nobreza? Não. De solidariedade de família, de virtudes domésticas, de agasalho de hospitalidade. Por efeito do seu temperamento, da sua educação, o dono desta casa é um destino inteiramente votado ao amor a ao culto da arte a ao qual todos os outros, mesmo o que o prende à lavoura, mesmo o que o lançou na política, são destinos acessórios. Assim, a sua casa, abriga com a sua família, o maior número de obras de arte que ainda enriqueceu o domicílio dum homem sem ostentação, e nele se presta à arte um culto tão fervoroso, que se diria não se viver ali para outra coisa. As suas salas são galerias de pintura e escultura, onde é licito passear com um catálogo nas mãos, como nas salas dos museus. Tropeça-se em objectos de arte. Aqui é um móvel, acolá uma talha, além uma faiança, mais além um medalheiro. Numa vitrina está a mais bela obra de olaria portuguesa. Noutra é fácil admirar ao lado de um autêntico Galrão, um Stradivarius autêntico, o que caracteriza a serenidade desta paixão, a que tantos se entregam por puro luxo é que ela se foi instalar longe do ruído da vida mundana e da publicidade e se sacia solitariamente. Nessa casa amam-se todas as artes mas só uma se cultiva – a música. Se ao leitor sucedesse passar já noite velha, pela beira da estrada de Almeirim não seria de estranhar que ouvisse por entre o concerto do coaxar das rãs, as harmonias vindas lá de dentro, duma sonata de Beethoven, ou de Mozart. É no que ali se passam as noites.»
 
 
Transcrito por Manuel Amaral


10 comentários:

  1. Lindas imagens, parabéns pela postagem.Beijos

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  2. OBRIGADO PIMENTEL
    PELA VISITA, APRECIAÇÃO, E COMENTÁRIO!!!
    1 BEIJO LÍDIA

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  3. Excelente post minha amiga. As fotografias estão maravilhosas, meus parabéns.
    Boa semana
    Beijinhos
    Maria

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    1. Olá Maria
      Um dia muito feliz para si, obrigado por ter visitado o meu espaço que vou sempre procurando atualizar, com algumas coisas mais ou menos interessantes, se não poder ser para a maioria, pelo menos para os Ribatejanos!!!

      1 beijinho amiga!!!

      Lídia

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  4. Querida amiga, é nos momentos de aflição que a gente sente o carinho e o ombro amigo que nos oferecem, e eu venho agradecer o seu que para mim foi de muita valia. Vim tarde mas não deu para vir mais cedo, mas velho com muito amor dizer-lhe que nunca na sua vida tenha que pedir o que eu pedi, pois é sinal que Deus não terá essa provação para si, minha querida que a sua vida seja sempre uma bênção, e que os anjos sempre te acompanhem.
    Deixo para si os meus beijinhos de luz e muita paz.

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    1. Franciete

      Minha querida na verdade é nos momentos de aflição e fragilidade que as pessoas pedem ajuda, por vezes do outro lado em que estou pouco posso, mas, saber que está alguém acompanhando as suas aflições ou que deixa uma palavra é sempre bom!!!
      Desejo que tudo vá evoluindo consoante vossos desjos!!!
      1 beijo Lídia

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  5. Lídia

    Ando atrasada em vir aqui, mas não perdi esta bela reportagem.

    Boa semana!

    Beijo

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    1. Os meus agradecimentos pela viagem até meu espaço!!!Com os desejos de que tenha igualmente uma feliz semana!!!

      1 beijo Lídia

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  6. É sempre um enorme prazer passar por aqui.

    Beijo e bom fim de semana.

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    1. OBRIGADO MARQUES PELA PASSAGEM, PELO MEU LADO NÃO GOSTO DE COLOCAR PALHA SEM SENTIDO, MAS ALGO COM INTERESSE PARA QUEM QUEIRA APRECIAR!!!
      PENA É O MEU TEMPO DE LAZER SER TÃO ESCASSO,QUE POUCO TEMPO TENHO PARA RECOLHER INFORMAÇÃO INTERESSANTE!!!

      1 BEIJO IGUALMENTE BOM FIM DE SEMANA!!!

      LÍDIA

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