segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

TASQUINHAS, OU FEIRA DAS CEBOLAS OU FEIRA DE RIO MAIOR



COMO VI A PRESIDENTE DA CÂMARA DE RIO MAIOR NA RTP1 LEMBREI QUE PODIA AJUDAR NA PUBLICIDADE!!! 

ESTE CARTAZ ERA DO ANO PASSADO COMO PODEM VER





ESTE TRABALHO É UM CONTO SEM ÉPOCA, MAS QUE, PODE DESPERTAR AS PESSOAS PARA AS TASQUINHAS DE RIO MAIOR QUE ESTÃO A COMEÇAR!!!



A FEIRA DAS CEBOLAS 




Hoje a feira das cebolas,… ou talvez já tenha outro nome mais actual, mais tecnológico, na procura do mais lógico… que vai deixando para traz as suas raízes, ou talvez a raiz das cebolas, se já esse nome tiver ficado para traz. 

De resto o nome viria precisamente, por os agricultores da região fazerem desse local, desse produto, o ponto mais forte do seu escoamento de mercado, por um longo percorrer de ruas, eram expostas, bancadas e mais bancadas desse produto tão apreciado na nossa gastronomia. 

Em cabos entrançados, lourinhas ou mais ruivas, a sua casca sedosa, de toque deslizante, saltando á vista pelo seu brilho, é procurada ali, e escolhida por todos, pela casta, pelo tamanho, com esperança de duração, para muitos meses sem o grelo ficar de fora. 

Mas a Feira das Cebolas, ou também a Feira das Tasquinhas, já foi apenas, a Feira de Rio Maior, a feira onde todas as pessoas dos arredores de muitos km, iam por obrigação, ou por puro prazer, por ser a Feira onde uma vez por ano, “por ser uma feira anual,” iam fazer as suas compras, gozar uns dias diferentes, acampar por ali, sem pressa de voltar, viver esse prazer, pelo prazer de estar. 

Era um tempo que passou! 

Um tempo no ontem! 

Um tempo para recordar as lembranças passadas, que tão lindas, tão puras tão belas, onde tudo era diferente. 

Ontem!!! 

No trabalho do Verão, se ia fazendo o mealheiro, se ia juntando pouco a pouco, o dinheiro que se poderia depois gastar, para o bem-estar familiar, para o trabalho, ou necessidades pessoais. 

A festa começava na véspera do dia tão desejado, porque iam para uma festa, e não só uma feira. No cozer de uma fornada de pão caseiro, para a viagem, e para o permanecer, de três ou quatro dias. 

No preparar do farnel, para toda a família, porque em casa,… não ficava ninguém, quando chegava o grande dia. 

Cozinhavam uma galinha, faziam as pataniscas, o bacalhau albardado, e coziam uns ovos, mais umas “zeitonas pá companhar,” num cesto poderiam ir ainda, um frango ou coelhos vivos, para lá matar e “caldeirar,” trabalho das mulheres, como se pode imaginar, porque os homens também tratavam da sua parte. 

Era o preparar dos carros de bois, uma arca de pinho, p` ra levar os bens,… que servia de banco, ou de mesa, se outra não fosse, levavam o mínimo, com as esperanças de comprar e trazer o máximo. 

Sem hora marcada, mas já combinada, numa marcha lenta,… saindo em cortejo, que ia aumentando, quando no caminho se iam juntando. 

E no rangue… rangue… dos carros, e passo dos bois, com os seus chocalhos, assinalando a passagem!!! 

Ou no trote fino,… de alguns cavalos!!! Com as suas guizeiras, e rabos-de-raposa, todos enfeitados,… porque era dia de Feira. 

A viagem era longa, para o andamento,… partiam alegres famílias inteiras, lá iam chegando na Feira, procurando o seu espaço, para acamparem!... 

Sim acamparem!... a Feira de Rio Maior na época era das poucas saídas que as famílias tinham, então todos eles chegados à feira, colocavam os carros de bois, as carroças, mais tarde até os tractores, ali por perto, à volta da feira, e por ali ficavam acampados alguns dias. 

Amarravam os panos de serapilheira, na volta dos seus transportes, e faziam uma tenda, para dormir, para cozinhar, ou para comer ali mesmo. 

Não havia tasquinhas, mas uma ou outra tasca, apenas para vender uns copos, umas pataniscas, ou uns “Jaquinzinhos,” para, acompanhar, umas barracas de comidas, como se chamava na época, onde serviam as dobradas com grão ou feijão, uma chispalhada, ou até umas batatas com bacalhau. 

Após se instalarem, começavam por fazer as suas compras, os utensílios, os mobiliários, que começavam por servir logo ali, uma esteira, um colchão ou a roupa para se taparem, poderiam trazer de casa, tanto quanto poderiam comprar ali, se era precizo mais uma carrada de cobertores para o inverno que não tardaria a chegar. 

Uns discutiam o preço das cebolas, outros os pratos ou uma panela, que sempre se comprava, em casa não havia muita coisa, e era uma maneira de renovar, em cada ano, o que se ia partindo. 

Um mocho de pinho para se sentarem, uma arca para guardar o pão, a celha ou os cestos, para fazer as vindimas, os panos de linhagem, para apanhar a azeitona,… tudo se poderia negociar na Feira, até uns sacos de sal, que dava para o ano inteiro, e ainda para salgar o porco, que estava a crescer na pocilga da casa. 

Depois os homens compravam também ali, a tripeça, para matar o porco em cima, e o limpar de pelo, ajudados pelo fogo das marganiças e carqueja, o cambaricho para o pendurar pelas patas traseiras, a escorrer, depois de esfregadinho e lavado com uns bons pedaços de cortiça. 

Podiam ainda levar as suas ferramentas, as enxadas de pontas ou rasas, as sacholas, os sachos e roçanas, as gadanhas e picadeiras, os martelos, ponteiros prumos e zagaias, e muito mais… para quem procurava “alfaias.” 

Porque aquela, era a sua feira, a feira de um povo que não ia, nem podia ir, para além das suas necessidades. 

Contudo era também a festa, a sua festa, por isso poderiam comprar pouco, mas aquele tempo, aquela permanência, naquele ambiente, era das poucas coisas diferentes que poderiam ter, apenas uma vez por ano, nas suas vidas, com pouco mais que nada, eram aqueles dias, os seus dias de férias, os seus dias de regalo e prazer. 

Os altifalantes com seus barulhos ensordessedores, de musica altissíma, ou o chamar dos clientes para a venda de resmas enormes de cobertores, toalhas, talheres, ou ainda das pomadas que a que o povo chamava de banha da cobra… mas que acabava sempre por comprar, pois diziam fazer bem a tudo… desde eleminar os calos até a travar a queda do cabelo, ou ainda as dores dos rins, tal como as fridas ulcerosas. 

Muito mais poderia acrescentar sobre esta feira mas aqui e agora estaria a ficar massadora, prometo que irei colocar por aqui mais algumas lembranças de ontem, oje todos já conhecem, e digo por mim que, podendo aproveitar algumas coisas que modificadas para os dias de oje, poderão dar grandes resultados. 







Este poema foi escrito uns doze anos atrás, numa feira das cebolas, já com tasquinhas, ainda não como são agora, mas estando eu a assistir a um concerto do QUIM BARREIROS ai no palco da feira, resolvi escrever uma canção para a feira das cebolas, adquada ás graçolas de letras do ARTISTA que ficaria bem cantado por ele. 



SALADA RIBATEJANA 



É tudo,… ou nada… 

Que a vida é uma cebolada REFRÃO 

Saltitando entre tomates 

De pepino acompanhada. 

Diz o povo, e com razão 

Para ter boa sementeira 

Semeia em, quarto minguante 

No crescente, sai asneira. 



Preparar, bem o terreno 

Com o rego, bem molhado 

Mete a prumo, o cebolinho 

Ou deitadinho, e acamado 



Engrossando, a olho nu 

Em ciclos, de crescimento 

Chega a hora da verdade 

Derruba-lo, é um momento 



Casca fina, douradinha 

És Misse de Rio Maior 

Em cabos, bem entrançados 

O elevo, do agricultor. 



Lídia Frade

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