O JANTAR DOS VADIOS DA MINHA ALDEIA
Cinco á espera do jantar, era já quase noite, estava na hora do ritual do jantar.
Ali não havia mesa, também ninguém se lembraria de a colocar no local, mas normalmente havia comida, e comida para quem?...
Para estes seres vivos, e dependentes dos homens, quer nos melhores sentimentos que possam nutrir por eles, ou nos piores.
Começando pelo fim, vou dar a volta na história, e contar desde o princípio, ou, na consequência dos atos.
No Ribatejo, eu direi quase total, existem muitas zonas de caça, Atalaia de Almoster está integrada numa dessas zonas de caça de montanha, caça ao coelho principalmente, mas também, perdizes, lebres, e outras.
Sendo o cão um dos melhores ajudantes dos caçadores, é óbvio que, quando chega a abertura da caça, lá vão chegando os caçadores vindos de todo o País, e por todo o lado se vão ouvindo tiros, com eles lá veem uma grande quantidade de cães.
Com o decorrer desse tempo de caça, e pouco a pouco, os senhores caçadores, vão avaliando a perícia dos seus cães, na ajuda aos seus intentos que é, a perseguição e recolha das presas, ou, dos ditos condenados.
Quando o que lhes é exigido não corresponde, é fácil, simplesmente os abandonam á sua sorte, e lá vai aparecendo um cão pelas redondezas, e que vai procurando na aldeia a sua sobrevivência.
No princípio é natural que, levem algumas pedradas de largo, na intenção de os desmotivar a ficarem por ali, pois é triste e degradante ver os animais com fome, mas se eles não desistem, lá vai sempre alguém dando alguma coisas de comer.
Assim hoje um, na próxima semana outro, e durante uma época, se vai formando, não digo uma matilha, mas uma notável quantidade de elementos famintos e com necessidades de comida.
Estes que aqui podem apreciar nesta foto são cinco elementos, dos deixados ao abandono.
Dos quais até agora, e, já passaram alguns meses, varias pessoas chamaram a si, a boa vontade de os alimentar.
Aqui nesta foto podemos ver, um cavalheiro já de idade avançada, que eles, os cãezinhos não largam, pois já sabem a hora do jantar.
Na última volta, das dezenas diárias, que o senhor Artur dá na nossa aldeia, para ir passando o seu tempo do nada, e no ultimo regresso a casa, ele vai abrindo os caixotes do lixo, para lhes dar tudo o que lá encontre, e que eles possam comer, parece que não são mal servidos, porque todos eles estão com boa aparência física.
Aqui este contentor é mesmo na frente da Coletividade, e logo ao lado, é a casa dos padeiros da aldeia, segundo parece é dos contentores que tem comida regularmente, ontem por exemplo, deviam ter banquete, havia festa e muita comida na Associação, teriam até direito a sobremesas.
Íamos a passar pelo local e, achamos muita graça, todos os cães estavam calmamente voltados e atentos, para o seu benfeitor, também para o contentor, esperavam o que poderia sair dali, lá dentro estaria supostamente, o seu jantar, a sua última refeição, ou talvez não!?
Quando voltei, estava um pouco de pão no chão, os ditos desafortunados, estariam com tanta necessidade que, pão?.... Não obrigado!....
TEXTO DE LÍDIA FRADE
FOTO TELM PAULO OLIVEIRA