sábado, 4 de agosto de 2012

A OLIVEIRA DO MEU TRISAVÔ


A OLIVEIRA DO TRISAVÔ

Vou escrever um conto… não o será!
Uma crónica… não creio, que o seja!...
Mas é de certeza uma história simples, bonita, ilustrada, da qual eu também faço parte integrante.
Aqui e agora ao conta-la! E, em tudo o mais que vos vou mostrar.


Esta é uma oliveira com alma, podem acreditar no que vos digo!!!
-E, está aqui no meu quintal, da casinha do Ribatejo!!!

A minha oliveira não tem bilhete de identidade, nem sequer mandei analisar, a média da sua idade, mas os oitenta e cinco anos de minha mãe, que todos tratamos de avó Jú, dizem que deve ter mais de trezentos anos, dado que este terreno já é da família á quatro gerações, e ELA, a OLIVEIRA, tem o pé, a raiz, que digo até merecer, o titulo de MILENAR.

Uma boa parte da minha rua, ou da rua onde está a minha casinha, é da minha família, que se foi desdobrando na árvore genológica, mas onde somos todos primos ainda, e herdeiros dos nossos, trisavós.
O meu quintal é um dos maiores, e, sou sua cuidadora apenas á três anos, antes era do meu pai, que o fazia á sua maneira, e em relação á sua vida e necessidades.
Já lá vão uns cinquenta anos, quando eu apanhava a azeitona da oliveira e certamente o meu trisavô já o faria, sendo ela na sua época uma senhora, com honras centenárias.
Na verdade dava sempre uma grande quantidade de azeitona, mas, a qualidade era muito miudita, poderia dizer-se que quando madura e pronta para apanhar, era uma linda árvore carregada de fruto, sendo no entanto um fruto de pequeno tamanho, e pouco vistoso.
Meu pai, talvez uns dez anos atrás, resolveu corta-la pelo pé, e, aproveitar a lenha para a lareira, era uma grande arvore, e deu de certeza um bom aquecimento para um grande Inverno.

Contudo o seu corte foi apenas até cerca de um metro do chão, era um grande e largo pé, mas todo carcomido por dentro, as suas serras e serrotes, talvez não fossem fortes o suficiente para continuar, ou então, ficaria naquela altura precisamente para, poder atar umas cordas, e puxar com um trator, pois só assim a conseguiria arrancar.
Mas, meu pai nunca o fez, acabou por adoecer, mais alguns anos faleceu, e, a oliveira do trisavô ficou no seu lugar do quintal, sua alma ia renovando, ano após ano, por todo o seu pé enorme iam renascendo, brotando novos rebentos, até por dentro do seu pé furado, e todo carcomido, empodrecido, renasciam novos rebentos, novas oliveiras, que, alguém sempre cortava, derrubava, porque aquele pé, era para arrancar.

Passou algum tempo, três anos atrás, fui eu a herdeira daquele quintal, primeiro limpando, tentando renovar e aproveitar o que teria ou seria possível, o tronco da oliveira do trisavô, foi protegido, alvo a preservar, cortei, podei, limpei, até deixar o suficiente, para deixar crescer a alma daquela oliveira, apenas tricentenária pelos laços familiares.
No meio do buraco carcomido, daquele largo pé, crescia o que poderia vir a ser, uma grande e frondosa oliveira, deixei ficar, apenas podei os ramos baixos que depois de podados lhe concedi uma forma ajeitada e elegante, e em toda a volta do pé, fui retirando o que poderia estar a mais, no arranjo que pretendia dar naquele pé carcomido de séculos.

Deixei ficar rodeando o velho pé, mais três árvores, porque já estavam grandes, nesse ano já floriram e deram azeitonas, tive pena de as cortar, de resto a minha ideia era criar ali no meu quintal, e junto do meu jardim um espaço de sombra acolhedor, que pudéssemos gozar em dias calmos, em que a brisa fresca que vem do norte, num fim de tarde, nos dê o prazer de fazer ali um bom lanche por exemplo.
No início da Primavera, já comecei a delinear esse mesmo espaço de descanso, as novas oliveiras, transmissoras de uma alma de vários séculos, já me animaram a começar o meu trabalho, estão grandes, altas, cheiinhas de frutos que promete uma boa colheita, estão umas árvores lindas, e já fazem muito boa sombra.

Tinha uma ideia que fui concretizar, dentro do possível no momento, era servir-me do mesmo enorme pé da minha oliveira, quiçá milenar, e com a ajuda de uns pedaços de madeira, de barrotes ou tabuas, recicladas das minhas obras de restauração, dos espaços cobertos, e com um pouco de habilidade deitei mãos á obra, foi só comprar um pregos grandes para pregar, e para ajudar na obra, tive o meu neto Rodrigo de quatro anos, que logo escolheu o seu lugar no pódio, ou no trono, dos reinantes atuais, do meu quintal e da minha casinha, no Ribatejo.

A obra está feita, e bem segura, sem oferecer perigo, foi feito por mim, não por um profissional na área, está com um ar tosco, e possivelmente logo que chegue a melhor hora, colocarei, ou mandarei fazer melhor e com material mais bonito.
Por agora posso assegurar que já me dá muito gosto, quando chegada a hora, de ir sentar-me ali, nos meus banquinhos toscos, com o maridão, saborear o lanche, o momento, a frescura da brisa ao fim do dia, olhando o verde das hortícolas, e o colorido das flores no jardim, ou ainda toda a verdura que nos chega ao olhar, de todos os quintais vizinhos ali pegados.
Asseguro-vos ainda que as minhas visitas, ou as visitas ao meu quintal, todos se querem ir ali sentar nos meus banquinhos toscos, e até fazer algumas fotos, por ser uns assentos muito peculiares, e ficam felizes por levar essas recordações diferentes.

Agora por mim estou a deixar criar a azeitona e, logo que se apanhe já vou cortar mais alguns ramos que estão muito baixos, e a ficar pendurados com o peso das azeitonas, que daqui a três meses, já irei apanhar uma cestinha de azeitonas para pisar e escaldar para comer-mos, uma iguaria  saborosíssimas!!!!
MAS… AINDA VOS DIGO, A ALMA DA OLIVEIRA ESTÁ BEM VIVA, PRODUTIVA, E VEJO NELA A MINHA FELICIDADE!!!
QUANTO AO MEU TRISAVÔ… AINDA CHEGA UM BANQUINHO PARA A ALMA DELE SE SENTAR ALI CONNOSCO, A DESCANÇAR E EM PAZ!!!


TEXTO LÍDIA FRADE  

9 comentários:

  1. Lídia adorei a sua história, os banquinhos à volta da oliveira estão lindos. Na casa do meu avô no Alentejo havia um eucalipto enorme, quando era criança e ia de férias, de muito longe já o avistava, ele era um marco, e sabia que brevemente chegaria a um local que adorava. Para mim ele era especial, era também um eucalipto com alma. Um ano teve de ser cortado pois estava a por em risco a casa, se com o vento um dia caísse. Foi uma tristeza enorme.
    Bom domingo
    Beijinhos
    Maria

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. BOM DOMINGO QUERIDA MARIA!!!
      ADOREI A SUA PASSAGEM A SUA LEITURA TRADUZIDA NESTE LINDO COMENTÁRIO!!!
      SÃO PEQUENAS COISAS, TÃO SIMPLES QUE NOS TOCAM, QUE NOS ALIMENTAM,E NOS LIGAM DE ALMA E CORAÇÃO!!!

      1 BEIJINHO MINHA QUERIDA!!!

      LÍDIA

      Eliminar
    2. Lídia
      A história da tua oliveira milenar deixou-me encantada.
      Tiveste uma linda ideia ao colocar os banquinhos. Sabes eu deixava-os assim mesmo.
      Ainda por cima feitos por ti e pelo teu neto Rodrigo...
      Isso é que lhes dá a originalidade e o encanto.
      Beijinho
      Landa

      Eliminar
    3. OBRIGADO QUERIDA LANDA!!!

      É VERDADE, E A FELICIDADE DO RODRIGO QUANDO VAI AO QUINTAL DA AVÓ LÍ, PASSA TAMBÉM PELOS BANQUINHOS, FEZ UMA ENORME ADMIRAÇÃO DA ULTIMA VEZ QUE LÁ FOI!!!

      EU TINHA FEITO UMA INTERVENÇÃO NO QUINTAL, HAVIA UM ESPAÇO GRANDE QUE FOI LIMPO, E TUDO MURADO NA VOLTA, QUANDO O RODRIGO LÁ FOI, QUASE NÃO CONHECEU O QUINTAL.

      PERGUNTOU:

      O QUE TU FIZESTE AO TEU QUINTAL VÓ LÍ!!!

      E O QUE FIZESTE AO POÇO? ESTRANHOU TUDO!

      NÓS DIZIA-MOS QUE TINHA LÁ UM CROCODILO, PARA ELE LÁ NÃO ESPREITAR.

      1 BEIJINHO AMIGA!!!

      LÍDIA

      Eliminar
  2. Estimada Lídia
    Já deixei o meu comentário nos Horizontes da Poesia, mas aqui fica também o meu gosto, pelo seu gosto pelas árvores, nossas amigas, esta árvore é uma testemunha dos seus antepassados.
    Parabéns Lídia e que ambos tenham uma feliz e longa vida.
    Saudações amigas
    António Silva

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. OS MEUS AGRADECIMENTOS ANTÓNIO!!!

      PELA SUA ATENÇÃO COMENTADA EM PORMENOR!!!

      TEMOS SEMPRE PEQUENAS COISAS NA VIDA QUE NOS PODEM FAZER FELIZES, BASTA ESTAR DE BEM COM A VIDA COM AS PESSOAS, E NÃO HAVERÁ AZEDUME QUE NOS ESTRAGUE, E DAS PEQUENAS E SIMPLES COISAS FAZEMOS OS DIAS FELIZES!!!

      ATÉ SEMPRE!!!

      LÍDIA

      Eliminar
  3. FERNANDO

    AGRADEÇO A SUA ATENTA LEITURA!!!

    VOLTE SEMPRE!!!

    CUMPRIMENTOS LÍDIA

    ResponderEliminar
  4. OI LIDIA!
    QUE COISA LINDA, É UM PRIVILÉGIO TERES ESTA HISTÓRIA FAMILIAR PARA CONTAR.
    SOU DO RIO GRANDE DO SUL E COM CERTEZA ESTA SOMBRA E BANQUINHOS NOS CONVIDARIAM A TOMAR UM BOM "CHIMARRÃO", QUE EM SUA ESSÊNCIA FAZ A APROXIMAÇÃO DAS PESSOAS QUE SE JUNTAM PARA TOMÁ-LO E "BATER PAPO".
    QUE BOM TERES MANTIDO ESTA RAIZ, QUE NA CERTA CONTÉM A ALMA DE TEUS ANTEPASSADOS.
    DEVE SER UMA GOSTOSURA, COLHER ESTAS AZEITONAS E SABER QUE É DE TEU QUINTAL.
    ABRÇS
    zilanicelia.blogspot.com.br/
    Click AQUI

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. OLÁ AMIGA!!!
      OBRIGADO POR TER PASSADO POR AQUI, OBRIGADO PELO TEU COMENTÁRIO GENEROSO, EU SOU ASSIM, MESMO NO POUCO TEMPO LIVRE, PORQUE TRABALHO A TEMPO INTEIRO, GOSTO DE TER E RECEBER AMIGOS QUE PODEM SER POUCOS MAS BONS!!!
      E TAMBÉM AS AZEITONAS VOU PARTILHAR!!!

      1 BEIJINHO LÍDIA

      Eliminar