Uma semana atrás fui em passeio por aqui, resolvi fotografar esta quinta, e contar uma pequena história relacionada com este bonito local!!!

Passaram mais de quarenta anos, eu, como muitas outras jovens da época tínhamos muita juventude dentro de nós, e uma alegria controlada, pela época que se estava a viver, muitas carências sociais, mais ainda do que hoje, e uma guerra, que aprofundava e agudizava, todo o desenvolvimento e perspectivas de vida para os jovens da época.
Os homens partiam em serviço militar, em nome de uma Pátria dispersa, que se dizia grande, quando se dizia, ser tudo Portugal.
Hoje, reduzido a nada, ou a lixo, com a classificação actualizada!!!
Contudo tenho muito orgulho no que sou como pessoa, e em igual valor como Patriota e bem Portuguesa!!!
Passaram os anos, mas a minha história de vida, passou uma noite por esta quinta, que hoje encontrei um pouco mais descuidada, do que nessa época!!!
Eu fazia parte de um grupo, que ia em peregrinação a Fátima, tudo gente vizinha ou conhecida, a maioria jovens raparigas, que como eu, iríamos oferecer os nossos sacrifícios de viagem à virgem, pelo regresso da guerra, e com saúde, dos namorados, ou maridos, pois tal como eu, que casei com dezoito anos, já havia mais algumas no grupo casadas.
Tínhamos ainda um organizador da viagem já com uma certa idade, e algumas senhoras também de idade madura.
Saímos da aldeia de Atalaia de Almoster de manhã cedo, fazia muito calor, paramos para almoçar, quando refrescou um pouco, recomeça-mos a caminhada, mas quando chegamos aqui ao rio Alviela o cansaço já era muito, e tentar chegar a Minde, seria demais.
O nosso dirigente de grupo foi falar com alguém desta quinta, pois já era normal eles darem abrigo de noite aos peregrinos que seguiam o caminho de Fátima, quando veio ter connosco, já trazia a resposta, ficaríamos aqui e partiríamos ás cinco da manhã para a nossa segunda etapa.
Comemos alguma coisa para servir de jantar, do pouco que levávamos no saco e, depois de nos lavarmos no rio, seguimos para a sala que nos foi disponibilizada para dormirmos no rés do chão, até tinha várias camas de ferro, com uns velhos colchões, que pareciam limpos, era o aconchego possível.
Todas levávamos um cobertor leve, colocamos um por baixo de nós, em cima do colchão, mais um ou dois para nos tapar, e ficávamos no mínimo três em cada cama.
Cada uma se preparou à sua maneira para dormir, mas éramos muitas mulheres juntas, e a conversar, dormir... não era connosco, era mais a conversa, ou até o riso de algumas graças momentâneas.
Numa dessas conversas mais animadas, lembro uma senhora mais velha que ia connosco, hoje já falecida, que, ao ver as mais jovens, vestidas para ir dormir, umas talvez com camisas de noite, pois creio que as senhoras na época, não usava pijama, mas, umas camisinhas de alçinhas, folhinhos, e rendinhas, decerto que vestiram.
Eu por mim vesti apenas uma combinação que se usava com vestidos finos, muito bonita de nylon, cor de salmão, com rendinhas e uma racha na frente da perna, contornada com rendas.
Quando a dita senhora nos viu assim, foi com um olhar de admiração, um riso de trocista, e disse mais ou menos estas palavras, que nos deixou a rir, durante muito tempo.
"Se o meu homem me visse, com umas coisinhas destas vestidas, não teria tempo para dormir, durante muitas noites, e teria ainda de certeza, outros tantos filhos!!!"
"E têm estas meninas, os maridos e namorados longe delas!!!"
Claro que foi risada geral, e logo queríamos saber afinal, como é que ela ia para a cama, para dormir, e não ter mais filhos.
Como esta, muitas outras histórias, por certo se vão passando no caminho de uma peregrinação, e que me desculpem, os mais pudico e santinhos!!!

FOTOS E TEXTO DE LÍDIA FRADE