ESCOLHI ESTA FOTO DO FORNO DO PADRINHO AMADEU PORQUE FAZ PARTE DA MINHA INFÂNCIA, DA MINHA MOCIDADE, OU DE TUDO O QUE FICOU PARA TRAZ.
O FORNO DE CAL, DO PADRINHO AMADEU
Tinha eu apenas sete anos, e já vinha para a escola de
Atalaia, e tinha de caminhar três km, desde a Ponte do Celeiro, onde ainda não
havia escola, e que viria abrir uma provisória, só no ano seguinte, quando eu
já estava na segunda classe.
Até aí, todas as crianças em idade escolar, eram distribuídas
por três escolas, a das Fontainhas, onde andava a Ermelinda e a Olívia, e creio
até que a Florinda da Quinta do Cordeiro, a da Povoa da Isenta, onde andava a
Isabel, e todos as outras crianças, tal como eu e minhas primas, e ainda as do
Cabeço de Almodolim, vinham todos para Atalaia.
Certo era que, esse caminho dos três km, não nos custava
muito a percorrer, vínhamos andando e brincando, saiamos cerca de uma hora
antes para fazermos esse caminho, sem relógios, sem telemóveis, sem nada que
indicasse aos nossos familiares, de que tudo estava bem, e era assim que desde
as oito da manhã, até pelo menos às quatro da tarde, ninguém sabia de nós nem
como estávamos.
Este relato serve apenas para fazer comparações, com os dias
de hoje, e ainda para vos contar e mostrar, um pouco da história deste forno de
cal, do qual vos mostro aqui os seus restos, fotografados á poucos dias atrás.
Fica na beira da estrada, por onde eu passava todos os dias,
e lembro me do seu funcionamento, do fumo a sair de suas entranhas, um dia
perguntei a minha mãe, como é que tudo aquilo funcionava, até a cal ficar em
pedra branquinha, que depois o dono do forno ia vender numa carroça, de terra
em terra, minha mãe explicou.
O dono do forno, ia buscar uma camioneta velha carregada de
lenha, que ia queimar dentro forno para o seu aquecimento, não sei dizer bem
quais eram os passos a seguir, mas sei que as pedras, vindas das pedreiras,
existentes ali por toda aquela charneca, e colocadas na medida certa, numa
câmara onde apanhavam todo o calor, também ele com conta e medida, para sair as
pedras branquinhas, mas inteiras, depois do tempo adequado para a sua cozedura.
O padrinho Amadeu, como era conhecido na casa do meu pai,
pois era mesmo seu padrinho, era o dono do forno, e a pessoa que o fazia
funcionar, e vender depois o produto ali transformado.
Depois era a cal caldada com água, eram colocadas umas pedras
de cal, dentro de um grande caldeirão, começava por ferver sem ter lume, nem
outro qualquer aquecimento, desfazia num grosso polme, e sempre bem mexida com
um grande pau, para ficar bem na distância, e não queimar algum pingo quando
saltava na fervura.
Era com esta cal, que se caiava tudo, todas as paredes, por
dentro e fora da casa, em todas as aldeias, deixando tudo bem branquinho, de ar
bem limpinho, quando ia chegar o Verão todas as pessoas da aldeia faziam brio,
em caiar todas e qualquer parede, sempre com cal, pois não havia tintas.
FOTOS E TEXTO DE LÍDIA FRADE
VISITE AINDA ESTE MEU BLOG
VALE A PENA
VAI GOSTAR
DEIXE O SEI COMENTÁRIO DE AMIGO
CLIK
Como tudo isto me parece tão familiar.
ResponderEliminarO meu coração reside no blog dos forninhenses, aonde vamos paulatinamente fazendo a recolha histórica de memórias e nos sentimos renascer nos sentimentos vividos ou contados.
Por mim, aqui no "nascendo até hoje...", vou tentando contar as minhas vivências tão ou talvez demasiado pessoais.
Senti-me gratificado por não estar isolado de simplesmente comungarmos sentimentos, saudoso mas tão leves e simples.
Abraço sentido e obrigado.
OBRIGADO CHICO PELA VISITA
EliminarNA VERDADE SE NÃO FOSSE AS NOSSAS VIVÊNCIAS, AS NOSSAS RECORDAÇÕES, AS NOSSAS CAPACIDADES DE AS MOSTRAR-MOS, O QUE ESTARIA-MOS AQUI A FAZER POR ESTES ESPAÇOS?
SÓ ESPREITAR O QUE OS OUTROS FAZEM, OU METER PALHA DE PREENCHIMENTO, NADA VALERIA.
ATÉ SEMPRE
1 BEIJO LÍDIA
FERNANDO OBRIGADA PELA VISITA COMENTADA.
ResponderEliminarTENHO ANDADO SEM TEMPO PARA NADA, E ESSE NADA INCLUI O PEDACINHO PARA AS REPORTAGENS DESTE MEU ESPAÇO.
1 BEIJO LÍDIA